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Dáverus
A primeira estação.
Quando
Irelay iniciou seu treinamento comigo, o alertei que deveria ficar na ilha por
um ano, durante as quatro estações, para compreender os quatro elementos. No
final de seu treinamento, ele deveria ser capaz de passar no meu teste, para
poder partir, ou eu o mataria. Não seria fácil, mas ele estava determinado,
como a primeira estação pedia. Era o ano 197 do Novo Tempo. Não havia
coincidências. Três dias após sua chegada, o verão começou. Irelay estava em
pé, diante de mim, nas primeiras horas daquele dia, ainda escuro como sua mente
despreparada.
– Este
será seu Totem, durante esta estação. - Falei, ao jogar o medalhão para Irelay.
Ele demonstrou possuir bons reflexos, pois o dia apenas ameaçava nascer e as
sombras ainda reinavam. Irelay esforçou-se, porém, para enxergar a imagem em
alto relevo e o ajudei, dizendo: – Nesta relíquia está gravada a imagem de um
leão. Até o fim da estação, ela estará gravada em seu coração, e não precisará
mais do medalhão.
Irelay pendurou o
medalhão no pescoço e pedi para ele repetir as frases ditas por mim. Compunham
a oração que deveria entoar como as primeiras palavras de seus dias nos
próximos meses:
Verão;
Com teu
fogo feroz,
me
torne um leão.
Forte e
veloz.
Sempre
em prontidão.
Corpo e
voz.
Dissipando
a escuridão,
me
abrace, e eu serei nós.
Após
decorar a primeira oração, ele se calou e esperou. Esperava eu dizer algo e eu
esperava o sol apontar no horizonte. A impaciência, refletida em seus olhos,
não me afetava. Ele precisava entender o fogo, e este elemento não tem pressa.
Ele arde. Pura e simplesmente. Como o sol. Ele não se move além de si mesmo.
Tudo move ao seu redor.
Até
mesmo a pequena chama de uma vela, apenas arde.
São os insetos que se precipitam até ela... e são consumidos.
O fogo
consome. Precisa de combustível, a todo momento, para existir.
Fazer
Irelay esperar, era o primeiro passo. Se a determinação que o mantinha ali
fosse fraca, passageira, um ímpeto de fúria; iria se apagar diante de mim e
restaria apenas a fumaça da decepção, até que a auto-piedade preenchesse o
vazio de seu coração, trazendo a compreensão de que ele não poderia fazer nada
para mudar a realidade à sua volta, nada para transformá-la.
O fogo transforma. Altera o estado da matéria e do espírito. Esta é sua
essência. Um guerreiro não deve apenas ter uma chama em seu coração. Deve
mantê-la com sua vontade. Deve não se importar com o tempo.
O fiz esperar. Ele compreendeu, em silêncio. A impaciência cedeu à constatação
de que seu treino já havia começado. Ele olhava para mim, mas não mais me
observa. Ele se observava. E seu olhar ainda refletia sua vontade. Ela não
havia mudado.
O fogo muda a tudo, menos a si mesmo. Ele continua a queimar. Continua a ser
ele mesmo.
Aquele jovem, diante de mim, era, de fato, um guerreiro. Meu trabalho era
apenas mostrar isso a ele. Tudo o que eu tinha a ensinar, era que ele não
precisa de mim para aprender.
O sol surgiu no horizonte. Assumi uma postura de combate e, quando Irelay
firmou-se na sua, perguntei:
– Está
preparado?
– Sim.
- Ele respondeu.
– Resposta
errada! - Gritei, antes de atacá-lo.
*
Sou William Morais. Quero ser artista quando crescer -e no decorrer-. Aventure-se pelo índice de publicações e descubra mais sobre A Saga do Novo Tempo e meus livros! Para conhecer minhas outras artes, acesse o meu Portal!
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