Escrevendo sobre escrever VIII




Um livro pode abrir portas para outros mundos. Para novidades. Novas perspectivas. Novos aprendizados. Infelizmente, são cada vez mais raros aqueles que buscam por algo que já não esteja assimilado, entendido. 

A humanidade está, então, estagnando? Quem nos dera.

A apatia intelectual à qual o mundo se entrega, gradualmente, está gerando uma humanidade cada vez mais desumana. Não apenas em crueldade e insensibilidade. A maioria das pessoas, ou todos, está automatizada, sintonizada em canais onde a lei do mínimo esforço impera. É fácil se apegar ao que já é conhecido. Sou quase obrigado a rever meus conceitos e crença em zumbis.

Ler, então, me parece, cada vez mais, um exercício de extremo esforço ao qual poucos estão realmente inclinados.

 Não estou aqui para criticar os entretenimentos fáceis e imediatos, no entanto. Descontrair a mente, exercitada através do novo, é extremamente saudável. Até mesmo algo "bobo" tem sua razão de ser. Como única fonte de alimento para a mente, porém, não há como estas "guloseimas" não resultar em catástrofe a longo prazo. 

Já sentimos isso no dia a dia. Funcionários que não já não funcionam e não sabem se comunicar. Clientes que não sabem se comunicar. Eficiência passando longe de ser uma qualidade encontrada onde quer que estejamos.

Muita lentidão.

E o cardápio de guloseimas virtuais é farto. É muita coisa pra cada vez menos mente, pois, sim, a atrofia cerebral parece ser a nova moda. Não estamos estagnados, estamos regredindo. 

O mundo virtual é farto em todos os aspectos, aliás, e até mesmo aqueles que não se importam, e até se orgulham de ser foras-da-moda, precisam escolher bem o material ao qual cederão seus preciosos minutos. 

De um lado da moeda a lentidão absurda e do outro a velocidade absurda. O equilíbrio está em extinção. 

Do lado acelerado quase ninguém mais pode se dar o luxo de desacelerar. Tudo é urgente. Não se tem mais paz de espírito para saborear um belo conjunto de palavras que contam magníficas histórias. 

Prova disso é a leitura seletiva. Onde os olhos "beliscam" aqui e ali de um banquete, e entenda por banquete qualquer texto com mais de um parágrafo curto. Maior do que isso, não vão se dar ao trabalho de ler tudo e já passarão para a próxima degustação. 

Prova? Dos que abriram esta artigo, aposto que poucos leram e, dos que leram, poucos leram tudo e com a devida atenção.

Mas, se há um lado da moeda a se apelar, considero este segundo, no qual, honestamente, me policio para não ingressar. Sinto os sintomas e vejo quando não vejo tudo o que há para se ver de algo. Lamento profundamente e estou tentando me livrar disso.  

Estou em busca do meu equilíbrio. E quem mais estiver rumando na mesma direção, venha a bordo. Construamos uma camaradagem, dando forças uns aos outros para sermos mais plenos. Nem apáticos e nem afoitos. Resgatemos uma satisfação de focar em algo com lucidez suficiente para aprender, mais profundamente, sobre tal.


Recomendo boas leituras para este resgate de satisfação. Leitura não apenas dos meus livros, dos quais, obviamente, sou suspeito para falar, dado meu fascínio em relação ao que escrevo. 


Como ato de extrema camaradagem, aliás, deixo aqui uma dica de (muito) boa leitura, que não pertence à minha Saga do NovoTempo. Uma dica extremamente digna. A camaradagem, portanto, não é para com a escritora, vejam bem, e sim com aquele que se fizer o favor de ler algo tão bem escrito quanto elaborado. 


Se trata da obra da escritora (dentre outras artebilidades) Cecília Reis, que nos traz A Irmã da Espada como um presente.


 Está servido? Clique na imagem!


Para entrar em contato com Cecília Reis através do facebook, basta acessar o perfil dela. 

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Sou William Morais. Quero ser artista quando crescer -e no decorrer-. Aventure-se pelo índice de publicações e descubra mais sobre A Saga do Novo Tempo e meus livros! Para conhecer minhas outras artes, acesse o meu Portal!




Trecho de Dáverus para Degustaleituração!



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Dáverus


A primeira estação.



Quando Irelay iniciou seu treinamento comigo, o alertei que deveria ficar na ilha por um ano, durante as quatro estações, para compreender os quatro elementos. No final de seu treinamento, ele deveria ser capaz de passar no meu teste, para poder partir, ou eu o mataria. Não seria fácil, mas ele estava determinado, como a primeira estação pedia. Era o ano 197 do Novo Tempo. Não havia coincidências. Três dias após sua chegada, o verão começou. Irelay estava em pé, diante de mim, nas primeiras horas daquele dia, ainda escuro como sua mente despreparada.



– Este será seu Totem, durante esta estação. - Falei, ao jogar o medalhão para Irelay. Ele demonstrou possuir bons reflexos, pois o dia apenas ameaçava nascer e as sombras ainda reinavam. Irelay esforçou-se, porém, para enxergar a imagem em alto relevo e o ajudei, dizendo: – Nesta relíquia está gravada a imagem de um leão. Até o fim da estação, ela estará gravada em seu coração, e não precisará mais do medalhão.

           Irelay pendurou o medalhão no pescoço e pedi para ele repetir as frases ditas por mim. Compunham a oração que deveria entoar como as primeiras palavras de seus dias nos próximos meses:



Verão;

Com teu fogo feroz,

me torne um leão.

Forte e veloz.

Sempre em prontidão.

Corpo e voz.

Dissipando a escuridão,

me abrace, e eu serei nós.



Após decorar a primeira oração, ele se calou e esperou. Esperava eu dizer algo e eu esperava o sol apontar no horizonte. A impaciência, refletida em seus olhos, não me afetava. Ele precisava entender o fogo, e este elemento não tem pressa. Ele arde. Pura e simplesmente. Como o sol. Ele não se move além de si mesmo. Tudo move ao seu redor.

Até mesmo a pequena chama de uma vela, apenas arde.  São os insetos que se precipitam até ela... e são consumidos.

O fogo consome. Precisa de combustível, a todo momento, para existir.

Fazer Irelay esperar, era o primeiro passo. Se a determinação que o mantinha ali fosse fraca, passageira, um ímpeto de fúria; iria se apagar diante de mim e restaria apenas a fumaça da decepção, até que a auto-piedade preenchesse o vazio de seu coração, trazendo a compreensão de que ele não poderia fazer nada para mudar a realidade à sua volta, nada para transformá-la.

       O fogo transforma. Altera o estado da matéria e do espírito. Esta é sua essência. Um guerreiro não deve apenas ter uma chama em seu coração. Deve mantê-la com sua vontade. Deve não se importar com o tempo.

       O fiz esperar. Ele compreendeu, em silêncio. A impaciência cedeu à constatação de que seu treino já havia começado. Ele olhava para mim, mas não mais me observa. Ele se observava. E seu olhar ainda refletia sua vontade. Ela não havia mudado.

       O fogo muda a tudo, menos a si mesmo. Ele continua a queimar. Continua a ser ele mesmo.

       Aquele jovem, diante de mim, era, de fato, um guerreiro. Meu trabalho era apenas mostrar isso a ele. Tudo o que eu tinha a ensinar, era que ele não precisa de mim para aprender.



       O sol surgiu no horizonte. Assumi uma postura de combate e, quando Irelay firmou-se na sua, perguntei: 

– Está preparado?

– Sim. - Ele respondeu.

– Resposta errada! - Gritei, antes de atacá-lo.
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Sou William Morais. Quero ser artista quando crescer -e no decorrer-. Aventure-se pelo índice de publicações e descubra mais sobre A Saga do Novo Tempo e meus livros! Para conhecer minhas outras artes, acesse o meu Portal!